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poesias e afins

Alquimia em Flor

By 25 de abril de 2016junho 5th, 2016No Comments

Em meio a risos, tagarelices e o tilintar de taças de vinho,
festeja-se a vida, o riso
e o pranto jaz escondido, atrás de um olhar perdido.
São histórias do viver, mulheres em semeadura, mulheres iniciando a colheita,
mulheres de volta para casa, deixando para trás, em outros campos, afetos queridos.
Não mais meninas medrosas, sonhadoras
à espera do grande amor, na próxima esquina ou esbarrão.
E vão se misturando em meio a esse processo alquímico,
poções de encontro, às vezes fortuitos,
como o tesão desvairado pelo desconhecido do vôo noturno,
anseio por uma liberdade tão desejada, agora confirmada.
E abaixo os sapatos, eles apenas nos apertam. Abaixo a dor, ela nos dilacera, abaixo o preconceito, ele nos empobrece, abaixo o desamor, ele nos limita.
E que venha o acasalar-se como os bichos: cuidados com a prole e o bando,
cuidar dos sogros, dos pais, dos filhos, dos afazares, fazendo-se assim cumprir a natureza das mulheres.
E que se façam os anjos para todas as dores e desconfortos, e num processo alquímico, se dupliquem os “Mauros”, e na confusão, o anjo reconheça-se como tal.
E que venham as lembranças de mulheres em crescimento: sonhos de plenitude, vidas para tecer, mãos para fazer quitutes, carinhos, afagos, viagens, colchas de metalassê.
E que venham também as tristezas todas
Poção amarga do processo alquímico,
Quiçá um dia, quando não mais estivermos nesse plano
Possamos compreender vida e morte
como manifestações da luz e de sua sombra.
Amanhece.
Entardece.
E quando anoitece, em sonho se fará o clarão. É dia novamente.
Apenas o ciclo e o ritmo são a realidade.
Enquanto isso…
Celebramos o amor possível dos filhos, dos amantes, namorados, maridos, dos “rolos”, dos “tesões aéreos”, das amigas, do ato de cozinhar, do contar estórias, do reunir-se para cantar a vida. A amizade.

(26-01-2007, lembranças de uma reunião festiva comemorando aniversários de amigas. Ouvimos uma estória, contada por uma delas – O velho alquimista. No ano que passou -2006, estivemos um pouco reclusas, talvez por estarmos muito ocupadas com as perdas que acometeram algumas de nós. “Mas … quando anoitece, em sonho se fará o clarão. É dia novamente.”)